🤖 Uma secretária pra chamar de sua

AT&T quer que sua IA atenda o telefone (e tome decisões) por você

A operadora dos EUA está testando uma secretária pessoal para seus clientes. A ideia é que uma IA atenda suas ligações e decida se a chamada é importante o suficiente para passar para você. O sistema funciona direto na rede telefônica, sem aplicativos, e promete evoluir para fazer reservas em restaurantes de forma autônoma.

Como funciona na prática

  • Filtro inteligente: Quando alguém te ligar, a IA atenderá primeiro. Ela vai perguntar quem é e qual o motivo da ligação.

  • Análise em tempo real: Usando AI, o sistema analisará as respostas para decidir o que fazer.

  • Decisão automática:

    • Se for spam (como as famosas ligações de outras operadoras oferecendo serviços), a IA desliga na hora.

    • Se for uma ligação importante, mas você não pode atender, a IA pode, por exemplo, confirmar uma entrega ou agendar um retorno.

    • Se for um número de confiança (como família, amigo ou médico), a ligação vai direto para você, sem interferência da IA.

  • Você no controle: Enquanto a IA conversa com a pessoa, você pode ver a conversa por escrito na tela e, se quiser, assumir a ligação a qualquer momento.

O melhor é que tudo isso funcionará direto na rede da operadora, sem precisar instalar nenhum app.

O futuro da secretária

A proposta vai muito além de filtrar spam. A AT&T imagina um futuro onde o sistema faz reservas em restaurantes apenas com a instrução "reserve uma mesa no restaurante X". Isso significa delegar decisões comerciais reais para uma IA que opera com base em "seus parâmetros customizados". O desafio está na linha tênue entre conveniência e controle: até que ponto queremos que uma máquina tome decisões por nós? E quem será o responsável se a IA cometer um erro, como recusar uma ligação de emprego ou aceitar uma compra que você não queria?

A posição estratégias das operadoras

O diferencial da AT&T não é a tecnologia em si, mas a posição estratégica: controlar a camada de rede significa que outros players dependem da infraestrutura deles para oferecer serviços similares. As operadoras sempre estiveram nessa posição, mas nas últimas décadas não foram muito eficientes em usá-la a seu favor para capturar mais receita (esse artigo da Mckinsey fala sobre isso). Será que a IA abriu uma nova oportunidade para essas empresas?

💡 Pesquisas dizem, a Criatividade revela

A Adobe analisou mais de 22 bilhões imagens geradas com a sua IA (Firefly) ao longo de 2 anos e descobriu que os prompts que as pessoas usam refletem seus desejos, realidades e pensamentos mais profundos. Enquanto pesquisas capturam o que as pessoas dizem sobre si mesmas, os dados de criatividade revelam o que elas realmente imaginam sobre suas vidas. Para o marketing, isso é ouro: é como ter um guia em tempo real para o subconsciente do seu público.

O estudo traz 4 principais insights

  1. A IA reflete a realidade: existe uma ligação direta entre o que as pessoas vivem e o que elas criam. Por exemplo, países onde se bebe mais álcool geram mais imagens de bebidas (gráfico abaixo). Da mesma forma, em países com mais cachorros, as pessoas criam mais imagens de cachorros.

Fonte: Adobe Digital Insights

  1. Mostra como as pessoas se veem (percepção): Às vezes, o que as pessoas criam não é o que elas consomem, mas como elas gostariam de ser vistas. Quando analisamos tipos de bebida, as pessoas bebem mais cerveja na vida real, mas criam mais imagens com vinho. Elas imaginam cenários onde estão bebendo vinho - cenas românticas, elegantes, sofisticadas. A criatividade revela não apenas o que consumimos, mas como queremos nos ver consumindo. É a diferença entre dados demográficos frios e a identidade aspiracional de uma audiência.

  1. Revela associações inconscientes: a IA mostra quais elementos, cenários e sentimentos as pessoas conectam a diferentes produtos, o que é extremamente útil para criar campanhas publicitárias eficazes. O estudo analisou termos que aparecem juntos nas criações de imagens:

    1. Vinho está ligado a momentos românticos e elegantes.

    2. Cerveja está associada a pubs e esportes.

    3. Drinks lembram praia, piscina e verão.

  1. Identifica tendências em tempo real: O mundo das tendências se move muito rápido, e os dados de IA permitem acompanhar essas mudanças quase em tempo real, mostrando o que está capturando a imaginação das pessoas.

    1. O efeito "White Lotus": O estudo usou como exemplo a terceira temporada da série de TV White Lotus, que se passa na Tailândia. Em março de 2025, enquanto a série estava no auge, houve um aumento enorme (cerca de 30%) na criação de imagens da Tailândia por usuários na Europa. Isso mostra como um evento da cultura pop pode influenciar imediatamente o interesse global por um destino turístico.

Por que isso é importante?

Esses dados são mais ricos que pesquisas tradicionais, pois revelam o que as pessoas imaginam e desejam de verdade, não apenas o que elas dizem publicamente. Além disso, conseguir dados concretos para certos temas pode ser bem difícil (como é o caso de cortes de cabelo populares em determinada região). Para uma empresa, isso significa poder criar campanhas muito mais conectadas com o público, entendendo suas verdadeiras aspirações e o que está na moda para elas naquele exato momento.

😁 Fun Fact

A frequência de bigode em imagens geradas, comparada à média internacional, é 44% maior no Brasil, 63% maior na Índia e 70% menor no Japão. Faz sentido! 🥸

Enquanto isso, o corte de cabelo Mullet aparece 376% a mais na Austrália do que no resto do mundo.

🪖 O mindset para vencer na Era da IA

Na era da IA, ficou muito mais fácil e rápido para qualquer um criar um produto e testar uma ideia. Um produto que antes precisaria de um time de desenvolvedores, dinheiro e tempo para ser criado, agora ficou muito mais fácil, barato e rápido. Em algumas situações, uma única pessoa consegue criar e escalar uma empresa sozinha (escrevi sobre isso aqui). Isso tornou o ambiente de startups mais competitivo, e reduziu, portanto, o tempo disponível para mudanças de direção. Você não pode ficar parado meses focando numa ideia que não parece estar indo muito para frente, pois do seu lado tem milhões de outros empreendedores testando e escalando ideias a mil. Nesse cenário, fundadores israelenses estão se destacando não por serem mais inteligentes ou terem melhor tecnologia, mas por tratarem pivôs como parte natural do processo, não como fracasso.

Pivotar sempre foi algo comum no mundo de startups. 1 em cada 3 startups B2B e 1 em cada 5 startups B2C mudam seus produtos ou estratégias durante o curso de crescimento. O produto inicial não necessariamente é o que dá certo. A questão é que agora essa mudança tem que, necessariamente, acontecer muito mais rápido. A velocidade deixou de ser uma vantagem para se tornar uma parte essencial de uma empresa.

A matemática é simples: empresas que antes levavam 7 a 9 anos para virarem unicórnio agora fazem isso em 3 a 4 anos com AI. A Taboola exemplifica bem essa dinâmica. Adam Singolda, seu fundador, começou com um sistema de recomendação de vídeos. A ideia era que, em vez do usuário ter que buscar na internet por conteúdos em vídeo que lhe agradem, o conteúdo relevante apareceria para ele. Em 2012, Adam estava comemorando a marca de US$ 100 mil em receita mensal. Dois anos depois, ao pivotar para um sistema de recomendação não só de vídeos, mas de artigos e outros conteúdos para anunciantes, a empresa saltou para US$ 200 milhões. Hoje, com valor de mercado de $1,1 bilhão, a empresa gera US$ 1 milhão a cada quatro horas. O segredo não foi persistir na ideia original, mas reconhecer que o que estava funcionando não era suficiente quando existia uma oportunidade muito maior. Esse é o tipo de coisa que acontece quando o fundador não se apega completamente à sua ideia original.

A mentalidade que transforma mudança em vitória: o exemplo de Israel

Fundadores de startups em Israel são mestres em pivotar rapidamente, e isso vem de uma mentalidade moldada desde cedo nas forças armadas, onde todo israelense é obrigado a servir. Lá, jovens de 20 anos aprendem a tomar decisões importantes sob pressão. Isso envolve improvisos, adaptações e superações. E, mais importante que isso, eles aprendem que mudar de plano sob pressão não é falhar, é o que muitas vezes garante o sucesso da missão.

Eles aplicam essa lição diretamente em suas empresas, sem se apegar a ideias que não funcionam. Enquanto para a maioria das pessoas no mundo uma mudança brusca é algo estressante e que dá medo, para um israelense não é nada novo, é o normal.

No final, o sucesso pode não depender de quão genial foi sua ideia original, mas de quão rápido você admitiu que ela não era a melhor e se adaptou para encontrar uma que realmente funcionasse. Pivotar não é um sinal de que você está perdendo, mas sim de que está preparado para vencer.

⚡ Quick Hits

  • Alguém usou AI para transformar a música “Many Men”, do rapper 50 Cent, numa versão estilo anos 1960s. O resultado é ESPETACULAR! E tem até clipe. 🎶

  • Um usuário criou o que ele está chamando de “futuro das vitrines” no ecommerce. Envie uma foto sua e veja como ficam os produtos (roupa, tênis, etc) em você, em vez de em um modelo aleatório. Teste você mesmo aqui. 🔥

  • Ian Curtis usou o novo modelo de geração de ambientes 3D da World Labs para atualizar a sua sala de estar. O resultado é impressionante (e um pouco assustador para arquitetos e designers de interiores). Na thread, ele explica passo a passo como fez para chegar nas imagens finais.

  • O Claude agora consegue criar e editar planilhas, slides e pdfs. Alex Banks mostra como usar as novas funcionalidades para gerar apresentações de PowerPoint no estilo dos famosos slides de consultorias.

🔧 Cool AI tools

  • Agora é possível transformar qualquer foto em um mundo 3D. o Marble, modelo AI da World Labs, ainda está em Beta, mas é possível pedir acesso e receber créditos grátis para testá-lo (recebi o meu em menos de 24h após solicitar). A qualidade é impressionante.

Por hoje é só.

Obrigado por ler o AI Around the Horn.

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