🛒 Sua próxima compra online será feita por um agente de IA

Esqueça o botão “adicionar ao carrinho”. O futuro do e-commerce são agentes de IA comprando coisas por você. Emily Glassberg, da Stripe, explica como sua empresa está construindo a infraestrutura para uma realidade onde agentes de IA fazem compras em nome de pessoas e empresas - e isso está acontecendo agora, não em uma década.

Como funciona na prática

Um bom exemplo do que já está funcionando é o Barista Agent. Imagine só: você diz que tipo de café gosta num chat, e ele pesquisa os melhores grãos na internet e compra para você. Essa “cafeteria” não tem estoque, ela só procura o produto em e-commerces e faz o pagamento de forma automática, sem sair do chat.

Pense no agente como um entregador do Rappi. Você diz o que quer, ele vai no mercado, compra para você e no final você o paga. A tecnologia por trás do Barista Agent é exatamente isso: a cada compra, o agente usa um cartão virtual da Stripe que só pode ser utilizado uma vez, com valor e tempo definidos. Na prática, você paga ao agente e ele paga ao e-commerce.

Veja o Barista Agent operando:

A Limitação Atual: O Robô Humanoide ao Volante

Apesar de muito animador, a primeira coisa que vem na minha cabeça quando penso nesse modelo inicial de agentic commerce é a imagem de um robô humanoide tentando dirigir um carro comum.

Imagine um robô superavançado, com toda a capacidade de processamento do mundo, mas que para dirigir precisa girar um volante físico e pressionar pedais. Ele automatiza a tarefa, mas ainda está preso a uma interface mecânica, feita para humanos. O mesmo acontece atualmente com o agentic commerce: a IA simplesmente replica o comportamento humano - o agente literalmente entra no e-commerce, como se fosse uma pessoa, e "gira o volante" ao preencher formulários e "pisa nos pedais" ao clicar em botões por você.

Fonte: Gemini / AI Around the Horn

A Verdadeira Revolução

A verdadeira evolução não é construir um robô-motorista mais perfeito. A solução é repensar o carro por completo, como um Tesla, em que o sistema de direção autônoma é nativo e integrado, sem precisar de um volante para funcionar. O verdadeiro potencial será alcançado quando pararmos de imitar humanos e construirmos um sistema novo, feito para máquinas.

Imagine que um e-commerce não está mais vendendo para uma pessoa que entra no site, rola a página, clica em produtos e lê descrições. Agora, o "cliente" é uma máquina.

Essa máquina já leu todas as avaliações disponíveis na internet, já comparou preços em milissegundos e já tem o "OK" do humano para comprar. Diante disso:

  • De "User-Friendly" para "Machine-Friendly": Toda a interface de um e-commerce precisará ser repensada. O foco não será mais em um design agradável para humanos, mas em dados estruturados e APIs fáceis de ler para agentes. Enquanto uma pessoa aceita esperar 2 segundos para uma página carregar, um agente escolherá instantaneamente outro site com o mesmo nível de confiança e condições se os dados estiverem mais acessíveis.

  • De Posse para Permissão: Suas credenciais, como o número do seu cartão de crédito, também mudarão de conceito. Em vez de possuir e inserir seus dados, você dará uma permissão. O agente receberá um token temporário, por exemplo, para gastar R$ 200 no produto X até o dia Y. A confiança é transferida para um sistema de permissões controladas e seguras.

Um Caminho a Ser Construído

Esta é apenas a faísca inicial. A infraestrutura para um verdadeiro comércio entre máquinas ainda não existe em larga escala. Faltam integrações, padrões e protocolos. No entanto, a direção está clara: estamos nos movendo de um mundo onde clicamos em botões para um onde simplesmente damos a ordem, e a compra acontece.

Para explicar o tamanho da oportunidade do agentic commerce no varejo, a a16z divide consumo em 5 categorias, de acordo com o nível de consideração necessária para a compra - desde compras por impulso, como um chocolate, até compras que demandam meses de pesquisa, como uma casa.

Fonte: Ilustração de AI Around the Horn, baseada no artigo da a16z.

Como cada tipo de consumo será impactado

Compras por Impulso: A IA terá papel limitado na decisão (você não pesquisa antes de comprar um chocolate), mas revolucionará o targeting. Algoritmos melhores identificarão o momento certo para te mostrar o produto certo. Marcas criarão materiais hiperpersonalizados em escala - imagine ver um reel sobre Dia das Mães e receber instantaneamente um anúncio de vela gravada com o nome da sua mãe.

Compras de Rotina: Como você já tem marcas favoritas de produtos essenciais do dia a dia, agentes de pesquisa serão menos úteis. Mas a IA brilhará na compra automatizada - monitorando preços do seu detergente e comprando quando o preço cair, sabendo que você precisará de mais nas próximas semanas baseado no seu histórico.

Compras de Lifestyle: Para itens mais caros que você não compra regularmente (bolsas de luxo, decoração), a IA fará o trabalho pesado de pesquisa. Imagine um agente que recomenda o item perfeito considerando suas compras passadas, preferências, tipo físico e até cores que combinam com seus olhos (startups como a Plush já começaram a fazer isso para moda feminina).

Compras Funcionais: Para itens que demandam investimentos significativos (laptop, móveis), você pode confiar em recomendações de IA, mas provavelmente preferirá uma conversa aprofundada com um "consultor" de IA especializado no assunto. Diferente dos consultores atuais limitados aos produtos de uma loja, esses terão conhecimento amplo entre marcas e aprenderão suas preferências ao longo do tempo.

Decisões de Vida: Para compras raras e caras (casa, carro, festa de casamento), é difícil imaginar terceirização completa para IA. Mas um "coach" de IA provavelmente guiará o processo - da pesquisa inicial à avaliação de prós e contras, até revisão de contratos.

Para que tudo isso aconteça, algumas coisas ainda precisam evoluir. Falta infraestrutura. Isso inclui dados mais confiáveis, APIs unificadas para transações de compra e uma memória dinâmica das preferências do usuário.

É aí que entram players como a Shopify…

A Shopify está lançando um kit completo para facilitar a integração de e-commerces com agentes de IA.

A solução vem em 3 componentes:

  1. Busca de Produtos: Um catálogo global com milhões de produtos, com dados em tempo real para que o agente encontre exatamente o que o usuário quer (nos EUA, mais de 30% de todos os e-commerces são construídos sob a plataforma Shopify).

  2. Carrinho Unificado: Um carrinho único que permite ao usuário adicionar itens de várias lojas diferentes, facilitando compras complexas.

  3. Checkout Simplificado: Na hora de pagar, tudo acontece ali mesmo na conversa, de forma segura e simples, sem te mandar para sites diferentes.

Para entender como funciona na prática, assista o vídeo com menos de 3 min:

Em resumo: a Shopify quer ser a infraestrutura por trás do agentic commerce, de modo que você possa simplesmente dizer "me compre uma camiseta azul e pilhas novas", e o seu assistente virtual fará todo o trabalho de encontrar, juntar os itens e preparar o pagamento para você aprovar.

⚡ Quick Hits

  • No vídeo de 12 min, Tina Huang explica brilhantemente o que é Context Engineering, qual é a sua diferença em relação ao Prompt Engineering e ainda mostra exemplos de como é utilizado.🔥

  • Perplexity Travel: imagine ter um assistente de viagens pessoal no seu celular. Você simplesmente diz para onde e quando quer ir, e ele cuida de todo o resto - encontra o voo ideal para seu bolso, compra, escolhe um bom assento no avião e, para garantir que você não se atrase, ainda calcula a que horas você precisa sair de casa, colocando um lembrete no seu calendário. No post, veja tudo isso funcionando na prática.

Por hoje é só.

Obrigado por ler o AI Around the Horn.

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