🎵 Artistas de IA já valem US$ 3 Milhões
Nas últimas quatro semanas, pelo menos um artista criado por IA apareceu nas listas de músicas mais tocadas da Billboard — toda semana, sem exceção. Não estamos falando de experimentos isolados. É uma tendência que está crescendo rápido, movimentando milhões de dólares e competindo diretamente com músicos humanos pelo topo das paradas.
Como um artista de IA nasce e faz sucesso?
O caso mais famoso é o da artista virtual Xania Monet. Ela foi criada por uma compositora usando o app de IA chamado Suno. O resultado? Sua música "Let Go, Let God" já passa de 3,5 milhões de visualizações no YouTube e fez as gravadoras brigarem por ela, com ofertas de contratos de até US$ 3 milhões.
O processo funciona assim:
Persona: Inventa-se um personagem virtual para ser o artista.
Distribuição: A música é lançada no Spotify, Apple Music e YouTube.
Sucesso: Com investimento em marketing (ou crescimento orgânico viral em redes sociais), a música toca no rádio, entra em playlists e sobe nas paradas da Billboard.
A grande diferença é que não há um humano real cantando ou tocando. É tudo feito por um programa de IA treinado com milhares de músicas que já existem.
A grande polêmica: Direitos Autorais vs. Mercado
Claro, isso gera uma briga enorme. Muitos acusam esses apps de usarem músicas de artistas reais, sem permissão, para treinar a IA.
Artistas Humanos: Estão protestando, pedindo o fim do uso da IA de forma que desvalorize o trabalho deles.
O Spotify: A plataforma está lotada do que a indústria chama de "lixo de IA" (AI slop). Eles criaram regras contra spam, mas não proibiram a música de IA, dizendo que "a tecnologia sempre mudou a música".
Adoção > Autenticidade: O debate filosófico sobre a alma da música de IA não parece ser decisivo para o consumidor final. O caso de Xania Monet prova isso: os comentários no YouTube não questionam a origem da artista, mas agradecem a "mensagem espiritual" da música. O público está se conectando com o resultado (a música) e ignorando o processo (se foi feita por um humano ou por IA). A conexão emocional está sendo feita com o produto, não com o produtor.
Eficiência > Tradição: As gravadoras enxergam um artista de IA como um ativo de U$3 milhões, infinitamente escalável e sem os custos de um artista humano.
Parceria > Briga: O movimento da Universal Music é o sinal mais claro do mercado. Ela percebeu que é mais lucrativo estar dentro da revolução (e controlá-la) do que tentar pará-la com advogados. Ao se associar, a gravadora legaliza o uso do seu catálogo para treino e garante uma fatia do futuro da criação musical. É a troca de uma mentalidade defensiva por uma estratégia clara de captura de mercado.
Um paradoxo para fechar o tema: A IA de hoje é treinada na genialidade humana de ontem. Mas se o incentivo financeiro migra para o "artista IA", qual será o incentivo para o humano criar a genialidade de amanhã? Será que corremos o risco de criar um mundo onde as IAs serão treinadas com músicas feitas por outras IAs, levando a música a convergir para uma média sem inovação?
👨💼 Será que um conselho de administração formado por IAs funciona?
Você confiaria mais em uma IA do que em um membro do seu conselho de administração?
Pode parecer loucura, mas, segundo uma pesquisa recente, 94% dos CEOs globais acreditam que uma IA poderia oferecer conselhos melhores do que pelo menos um de seus diretores humanos.
E isso não é mais teoria: em outubro de 2025, o fundo soberano do Cazaquistão nomeou uma IA chamada "SKAI" como membro votante do seu conselho de diretores.
A provocação é simples: conselheiros humanos são ocupados, reúnem-se poucas vezes ao ano e ficam distantes da operação, levando a pontos cegos e impasses políticos. Uma AI, por outro lado, não se cansa, não tem ambições pessoais e pode processar dados massivos 24/7.
Mas isso funciona na prática? Um novo estudo de Wharton e do INSEAD decidiu testar.
O experimento: Humanos vs. AIs
O experimento criou dois tipos de conselhos:
Conselho de Humanos: executivos de um programa avançado para conselheiros do INSEAD foram divididos em 6 grupos (os conselhos).
Conselho de IAs: pesquisadores de Wharton criaram múltiplos agentes de IA projetados para conduzir deliberações idênticas às dos humanos, aderindo às mesmas melhores práticas de reunião ensinadas no INSEAD.
Ambos os conselhos receberam a mesma tarefa: uma simulação de reunião de duas horas para uma empresa fictícia, baseada em um caso real. Também receberam exatamente os mesmos materiais (relatórios, pauta da reunião, etc.) e tiveram tempo para se prepararem previamente. Humanos leram os documentos e IAs produziram notas detalhadas cobrindo suas posições sobre os itens da pauta, preocupações e riscos, oportunidades e pontos fortes, potenciais compromissos e alianças estratégicas.
No final, as transcrições da reunião da IA e dos seis conselhos humanos foram avaliadas por três AIs independentes, três especialistas humanos independentes e os próprios participantes humanos. Todos usaram os mesmos oito critérios (qualidade da decisão, participação, profundidade, etc.) e uma escala de três pontos: ruim, satisfatório, bom.
Os Resultados
Quando se trata de desempenho puro, o resultado foi brutal. O conselho de IA não apenas venceu; ele obteve uma pontuação significativamente maior do que todos os seis conselhos humanos em todos os critérios de avaliação.
Qualidade da Decisão: Os humanos "hesitaram e andaram em círculos". A IA "alcançou resoluções claras e acionáveis".
Uso de Fatos: Os humanos mostraram "engajamento limitado com a leitura prévia". A IA "citou ativamente números dos documentos" e usou os dados de forma profunda.
Implementação: Os humanos "raramente traduziram estratégia em metas concretas". A IA alinhou suas decisões aos recursos e criou planos "práticos e realistas".
A ressalva: A IA não sabe ser humana
Antes de demitir o conselho e plugar um servidor, há um porém crucial. Os especialistas humanos que avaliaram o experimento notaram que a IA falhou nos aspectos informais, interpessoais e culturais. O conselho de IA foi ótimo na estrutura e nos detalhes, mas faltou a dinâmica relacional que constrói confiança. Não houve quebra-gelos, encorajamento ou enquadramento geral. A IA venceu na lógica, mas perdeu na inteligência emocional.
3 lições que a IA já pode nos ensinar
O ponto principal do estudo não é que a IA vai nos substituir amanhã, mas que ela age como um espelho, mostrando as falhas de eficiência dos nossos próprios processos humanos.
Os conselhos humanos podem aprender 3 lições imediatas com o desempenho da IA:
Disciplina estrutural: Os bots foram metódicos, movendo-se de fatos → opções → trade-offs → decisão. Grupos humanos, por outro lado, frequentemente perderam o controle do tempo e do foco.
Inclusão real: O presidente do conselho de IA foi programado para ser inclusivo. Ele trouxe todos os participantes para o debate e deu espaço a visões dissidentes. Os presidentes humanos, em vez disso, deixaram membros vocais dominarem a conversa.
Conforto com o desconhecido: Quando a discussão ficou muito técnica, os humanos ficaram empacados. A IA, por outro lado, usou frameworks e perguntas estruturadas para reduzir a incerteza e analisar o problema.
Conclusão
A mensagem é clara: a governança corporativa precisa adotar a IA. Hoje, isso pode não significar dar um assento votante a um agente de IA, mas sim usá-lo como uma ferramenta de planejamento — um parceiro para simular reuniões, antecipar argumentos e testar opções antes mesmo que os humanos entrem na sala.
A lição não serve somente para conselhos. A mesma lógica pode ser aplicada nas reuniões de trabalho do dia a dia. Antes daquela apresentação importante, use IA para simular objeções, testar argumentos, identificar dados que você está esquecendo e antecipar perguntas difíceis. A IA venceu no experimento porque se preparou melhor, usou mais fatos e seguiu estrutura clara — são hábitos, não superpoderes.
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Por hoje é só.
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